2.4.15

Por Marcelo da Silva Duarte (*)
Nada como um dia depois do outro.
Principalmente para um moralista de plantão.
Como é representar uma empresa suspeita de corrupção, que supostamente paga propina para se livrar de débitos tributários? Qual é a sensação de saber que parte do salário que vocês recebem no final do mês é pago, supostamente, graças à corrupção – essa mesma que, insistentemente, tem assolado nossa política -? Como é saber que a expansão empresarial do Grupo RBS supostamente é patrocinada pela corrupção, pela sonegação de tributos que fazem falta para a educação, para a saúde, para as estradas? Como será, a partir de agora, produzir uma matéria, ou escrever um artigo, sobre o “caos na saúde”, se supostamente vocês contribuíram para ele?
A empresa que vocês representam ainda não foi condenada? Bem, mas o que isso importa? Quando vocês, jornalistas do Grupo RBS, se preocuparam com a verdade e com apurações quando escândalos desse tipo envolveram políticos, não é mesmo?
Como é ser vidraça?
E agora, sob a luz dessa acusação, como será falar, em seus programas de rádio, em suas colunas de jornal impresso, sobre propinas pagas por empresários para políticos e diretores da Petrobras? Como será descer do “pedestal ético” do Grupo RBS, do qual se olhou para todos,
indistintamente, durante um bom tempo? Do alto do qual políticos, juízes, promotores, funcionários públicos, agentes políticos, profissionais liberais e cidadãos comuns foram julgados impiedosamente?
Com que moral um representante do Grupo RBS falará sobre isso?
Aliás, com que moral um representante do Grupo falará, a partir dessa denúncia, sobre qualquer coisa que envolva o conceito de corrupção?
Vocês citarão os nomes dos executivos da RBS que supostamente pagaram propinas para funcionários públicos corruptos? E os nomes dos lobistas que supostamente intermediaram essa negociação, vocês dirão? Estão ansiosos por essa lista como estiveram pela famosa “lista de Janot”?
E os editoriais do Grupo RBS, pródigos em acusações, em apontar para a falência moral da política? Como é estar na mesma vala de suspeição, no mesmo nível moral dos políticos e empresários por vocês publicamete execrados?
Por um bom tempo vocês enganaram muitas pessoas. Há aqueles, porém, que jamais engoliram a incompetência, o falseamento da verdade, a ignorância, a má-fé e o exercício diário de crenças irrefletidas praticados por vocês, sabujos do Grupo RBS. Hoje é um dia de alma lavada. Hoje o que resta da dignidade do jornalismo está em festa, pois a face que não presta do jornalismo brasileiro começou a ser desmascarada. Hoje as pessoas que vocês enganaram por um bom tempo também sabem que vocês escrevem a soldo de gente supostamente tão desqualificada moralmente quanto o que há de mais rasteiro na política brasileira. É nessa lama que vocês, colaboradores, parecem indiretamente chafurdar diariamente, sem qualquer espécie de distinção ética, pois pelo menos parte do salário de vocês parece ser pago com o mesmo tipo de dinheiro sujo que movimentou o famoso “Mensalão” e outros tantos escândalos semelhantes. Dinheiro sonegado é dinheiro sujo, além de fazer falta para quem mais precisa do Estado.
Como será saber que seu empregador, caso as denúncias sejam verdadeiras e a culpa do Grupo RBS reste provada, é corresponsável pela pobreza, pela miséria, pela histórica falta de Estado para os mais necessitados? Com que moral vocês irão criticar programas públicos de assistência social, uma vez que há tal assistência também porque há corruptos?
Não há nenhuma diferença moral entre a corrupção supostamente praticada pelos seus patrões e a patrocinada por “mensaleiros” e operadores do esquema da Petrobras, o dito “petrolão”.
Aliás, como será batizada a propina supostamente paga pelos executivos do Grupo RBS a fim de livrar a empresa de débitos tributários?
Caso vocês ainda não tenham se dado conta, estamos falando de, supostamente, 19 bilhões de reais. De advocacia administrativa, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro. E, supostamente, nesse mesmo barco estão “queridinhos” do Grupo RBS, como o Grupo Gerdau – e não poucas vezes um conhecido
integrante do referido Grupo nos deu lições baratas sobre ética nas páginas de opinião de veículos do Grupo RBS. E tudo isso, frise-se, dito pela Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público Federal e a Corregedoria do Ministério da Fazenda.
Que razões temos, portanto, para acreditar que tais denúncias são mais “fracas” do que aquelas que culminaram na condenação dos ditos “mensaleiros”?
E agora, como vocês irão dormir sabendo que todo o discurso moral – discurso assumido por cada um de vocês, diga-se de passagem – do Grupo que vocês representam pode nunca ter valido um tostão furado?
Vocês pedirão demissão? Pedirão desculpas públicas por representarem possíveis corruptos – e venderem seus discursos – por tanto tempo? Não é essa a atitude que vocês, colaboradores e porta-vozes da moralidade do Grupo RBS, costumam exigir de políticos?
Tenham o mínimo de dignidade. A mesma que vocês não pensam duas vezes em
exigir quando se trata de desqualificar a política.
(*) Marcelo da Silva Duarte é jornalista.

24.2.10

CATINGA DE LIXÃO


O tabloide Zero Hora, aquele que cultiva fontes fidedignas dentro de recipentes de lixo, cumpre, na edição desta quarta-feira, 24, sua sina de aterro sanitário do jornalismo. Além do tolete acima, obrado pela "mais importante colunista de Política do RS", a xexelenta gazetinha da Famiglia Sirotsky cuidou de reciclar os dejetos da Folha de S.Paulo também em forma de notícia de página inteira. Pior: transformou a palhaçada em Editorial, assinando seu atestado de velhacaria. Os Al Capones da Notícia sequer tiveram a esperteza de verificar que o factoide já estava incinerado pela verdade desde a véspera, como atestam as postagens do blog de Luis Nassif, "repercutidas" pelo RS Urgente.

Fonte: Cloaca News

Cheiro de factóide

“Cheiro de escândalo”, escreve a colunista política de ZH, Rosane de Oliveira, em sua coluna desta quarta-feira:

“O que poderia ser um grande trunfo da candidata Dilma Rousseff na campanha – a reativação da Telebrás para oferecer internet de banda larga a preços acessíveis nos confins do Brasil – ameaça se transformar num escândalo capaz de tumultuar a sucessão presidencial. No centro do imbróglio está a controvertida figura do ex-ministro José Dirceu, antecessor de Dilma na Casa Civil e hoje um dos estrategistas de sua candidatura. Dilma não é acusada de nada, mas ter de dar explicações sobre atos de Dirceu na campanha é um peso que ninguém gostaria de carregar”.

Já Luis Nassif denuncia em seu blog que esse “cheiro de escândalo” não passa de um factóide que foi desmascarado ontem durante o dia e também por uma matéria do jornal O Estado de São Paulo. Nassif resume o caso:

1. Ontem matéria do notório Márcio Aith denunciou que a decisão do governo de recuperar a rede de fibras óticas da Eletronet – massa falida administrada pela Justiça do Rio – permitiria a Nelson Santos, ex-acionista, receber R$ 200 milhões. E relacionava essa operação com a consultoria que lhe foi prestada por José Dirceu.

2. Os fatos foram amplamente desmentidos no decorrer do dia. Mostrou-se que seria impossível qualquer pagamento a Nelson, já que o governo retomou a rede de fibras óticas da empresa e as pendências remanescentes são com os credores, não com os ex-acionistas.

Hoje, o notório Aith volta ao tema, não toca mais no assunto Nelson Santos. Substituiu o escândalo anterior por um novo: a operação, na verdade, destinava-se a permitir a Oi, em conluio com o governo, assumir a rede da Eletronet.

É outro factóide desmentido pelos fatos: o governo quer que a Telebras se incumba da rede de banda larga, contrariando os interesses das operadoras. Quais os dados objetivos que fundamentam a acusação de Aith? Nenhum. Ou melhor, uma tentativa da Oi de negociar com os credores da Eletronet. E que não deu certo, porque, segundo a OI, chegou-se a um «impasse comercial».

3. Aí a reportagem do Estadão driblou o controle do aquário e mostrou a razão do impasse comercial: a tentativa da OI foi vetada pela Eletrobras, controlada pelo governo. Com isso, impediu-se a OI de assumir a empresa e o Nelson de embolsar R$ 70 milhões.

No início da tarde desta quarta, o factóide tinha virado fumaça e sumido do site da Folha de São Paulo.


Fonte: RSurgente

21.2.10

Homenagem a Daniel Herz na I CONFECOM

Bê-a-Bá do PiG(*)


O Conversa Afiada reproduz sugestão dos amigos navegantes Rogerio Floripa e Claudio Calente:

Curso Basico de Jornalismo Manipulativo



Fonte: Paulo Henrique Amorim

Instituto Millenium: toda a democracia que o dinheiro pode comprar!

Por Gilberto Maringoni* na Carta Maior


Seminário sobre liberdade de expressão reunirá em São Paulo a nata da plutocracia. O interessante é que o Instituto que o promove tem o mesmo nome de uma conceituada casa de prazeres

Acabou o carnaval, mas a festa continua. Vem aí, gente, o Fórum Democracia e liberdade de expressão, promovido pelo Instituto Millenium . O acontecimento será no dia 1º de março, no Hotel Golden Tulip, na capital paulista. A inscrição é uma pechincha: R$ 500 por cabeça.

A lista de palestrantes é de primeira. Lá estarão o dr. Roberto Civita (Abril), o ministro Hélio Costa (Globo), Marcel Granier (dono da RCTV, famosa por tramar e propagar o golpe de 2002 na Venezuela), Demétrio Magnoli (venerando Libelu de direita, que está decidindo se o melhor é ser contra a política de cotas ou contra a política de quotas), Denis Rosenfield (entidade do folclore gaúcho que ainda não tomou conhecimento do fim da Guerra Fria), Arnaldo Jabor (o espirituoso), Carlos Alberto Di Franco (dirigente da organização democrática Opus Dei), Marcelo Madureira (humorista neocon), Reinaldo Azevedo (claro!), Roberto Romano (ético ao quadrado) e os modernos deputados Fernando Gabeira e Miro Teixeira.

Intelectuais de programa
O Instituto Millenium veio para ficar. Foi fundado em 2005, no Rio de Janeiro. Não se sabe se tem algo a ver com o conceituado Café Millenium, estabelecimento classe A, onde gente de primeira ia buscar diversões, digamos, adultas até julho de 2007, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. O Café Millenium não escondia seu negócio. O slogan era “Sua noite de primeiro mundo”. Com belíssimas garotas a excitar a imaginação e a ação de senhores de fino trato, vendia o que anunciava. Deve-se à fúria moralizante do prefeito Gilberto Kassab – um “Jânio sem alcool”, na genial definição de Xico Sá – o fechamento desta e de outras instituições semelhantes, nos tempos em que as enchentes não eram preocupação de um alcaide movido a reeleição.

No site do Instituto Millenium não há nenhuma informação sobre o paradeiro do Café. Os proprietários devem ter feito alguns arranjos aqui e ali, para não dar muito na vista e resolveram tocar o pau. Para manter o embalo dia e noite, aparentemente já contrataram alguns intelectuais de programa, vários articulistas que não estão no mapa, inúmeros jornalistas de vida fácil e go-go-oldies. Discrição total. O distinto senhor ou senhora comprometida pode ir sem medo, que é todo mundo limpinho, o ambiente está aparelhado para experiências das mais exóticas. Há estacionamento e os acompanhantes falam inglês e são educados.

O tal do fórum
O máximo do prazer será a atração deste início de março, o Fórum Democracia e liberdade de expressão. Entre os apoiadores do evento, sempre segundo o site do Millenium, estão a Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão (Abert) e a Associação Nacional dos Jornais (ANJ), entidades que envolvem a Globo, o SBT, a Record, a Folha de S. Paulo, o Estado de S. Paulo, a RBS e outras empresas que decidiram boicotar a I Conferência Nacional de Comunicação, numa demonstração de forte apreço pela democracia. Figura lá, além do Instituto Liberal, um sensacional Movimento Endireita Brasil (MEB), cujo nome diz tudo.

A Carta de Princípios do Café, digo Instituto, é das mais edulcoradas. Entre tantos pontos, está lá: “promover a democracia, a economia de mercado, o estado de direito e a liberdade”. Assim, o mercado, quase como sinônimo de democracia. Mais adiante são enunciados seus valores e princípios: “o direito de propriedade, as liberdades individuais, a livre iniciativa, a afirmação do individualismo, a meritocracia, a transparência, a eficiência, a democracia representativa e a igualdade perante a lei”. Jóia! Vamos todos aderir!

Entre os conselheiros “de governança” e mantenedores está a fina flor da sociedade brasileira. Entre outros, figuram João Roberto Marinho (vice-presidente das Organizações Globo), Jorge Gerdau Johannpeter, Roberto Civita (Abril) e Washington Olivetto (presidente da W/Brasil). Já no Conselho Editorial está o sempre alerta Eurípedes Alcântara (diretor da redação de Veja) e no Conselho de Fundadores e de Curadores está ninguém menos que Pedro Bial, o grande comandante do programa cultural Big Brother Brasil, um modelo do que se pode fazer com a liberdade de expressão às mancheias. Coroando tudo está o Gestor do Fundo Patrimonial, Dr. Armínio Fraga, que dispensa maiores apresentações.

Com o empenho do Café, digo do Instituto Millenium, a democracia e a liberdade de expressão passam a ser mais valorizadas no Brasil. Por baixo, por baixo, a valorização deve ser de 500% em fundos off shore.

Todos dia 1º. de março ao Millenium, gente. A sua noite – ou dia - de primeiro mundo!

Em tempo: Não se sabe ainda se os antigos proprietários do Café Millenium entrarão na Justiça contra os mantenedores do Instituto Millenium. A ação se daria não apenas por plágio, mas por comprometer o bom nome do Café em uma possível volta ao mercado.


*Gilberto Maringoni, jornalista e cartunista, é doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de “A Venezuela que se inventa – poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez” (Editora Fundação Perseu Abramo).

BBB da TV Globo, um programa imbecil

Reproduzo abaixo o provocativo cordel do poeta baiano Antonio Barreto, intitulado “Big Brother Brasil – um programa imbecil”. Ele atiça a reflexão de milhões de brasileiros embasbacados com o reality show da TV Globo:


Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’..

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude..

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…

Fonte: Altamiro Borges

Direita midiática conspira em São Paulo

Por Altamiro Borges em seu blog

No dia 1º de março, no Hotel Golden Tulip, na capital paulista, as estrelas da direita midiática estarão reunidas num seminário cinicamente batizado de “1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão”. Não faltarão críticas a Conferência Nacional de Comunicação, sabotada pelos donos da mídia, e às idéias democratizantes do Plano Nacional de Direitos Humanos. O presidente Lula ficará com a sua orelha ardendo. Será rotulado de autoritário, populista e de outros adjetivos. O evento tentará unificar o discurso da mídia hegemônica para a disputa presidencial de 2010.

Os inscritos que desembolsarem R$ 500 poderão ouvir as opiniões de famosos reacionários sobre as “ameaças à democracia no Brasil” e as “restrições à liberdade de expressão”. Marcel Granier, dono da golpista e corrupta RCTV, que teve sua outorga cassada pelo governo venezuelano, fará a palestra de encerramento. A lista de palestristas convidados causa náuseas: o fascistóide Denis Rosenfield, o racista Demétrio Magnoli, o pitbul Reinaldo Azevedo, o bravateiro Arnaldo Jabor, o líder da seita xiita Opus Dei, Alberto Di Franco, além de vários comentaristas da TV Globo.

O sinistro Instituto Millenium

O evento, que tem o apoio da Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão (Abert) e da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), é uma iniciativa do sinistro Instituto Millenium. Esta entidade reúne poderosos banqueiros, industriais e barões da mídia e pretende ser um centro de aglutinação dos defensores da “economia de mercado”, como descreve seu sítio. Ela é presidida por Patrícia Carlos Andrade, que foi analista dos bancos Icatu e JPMorgan, e é filha do falecido jornalista Evandro Carlos de Andrade, um dos mentores da Central Globo de Jornalismo.

O instituto não tem nada de neutro ou plural. É controlado pelas corporações empresariais. Entre os mantenedores estão Jorge Gerdau, o barão da siderurgia, Sergio Foguel, da Odebrecht, Pedro Henrique Mariani, do Banco BBM, Salim Mattar, do grupo Localiza, e Marcos Amaro, da TAM. O gestor do fundo patrimonial da Millenium é Armínio Fraga, o ex-presidente do Banco Central na era neoliberal de FHC. Os barões da mídia têm expressiva presença na entidade. Entre os dez principais mantenedores estão João Roberto Marinho, das Organizações Globo, e Roberto Civita, da Abril. Seu conselho editorial é dirigido por Eurípedes Alcântara, diretor de redação da Veja.

A resposta dos movimentos sociais

O repórter Adriano Andrade, num excelente artigo para o jornal Brasil de Fato, demonstrou que o Instituto Millenium representa a nata da direita brasileira. Patrícia Andrade chegou a assinar o “manifesto contra a ditadura esquerdista na mídia”, escrito pelo fascistóide Olavo de Carvalho. A entidade também promove anualmente o risível “dia da liberdade de impostos”. Para o repórter, a Millenium lembra duas instituições que tiveram papel de relevo na preparação do golpe militar de 1964 – o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) e o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES), ambos financiados pelo governo dos EUA e pelos grupos monopolistas nativos.

O evento de 1º de março bem que mereceria uma resposta organizada dos movimentos sociais, alvo das manipulações constantes da mídia hegemônica. O demonizado MST, as ridicularizadas centrais sindicais, a estigmatizadas entidades estudantis, além das forças opostas a todos os tipos de discriminação, como a de gênero e a racial, poderiam aproveitar este evento conspirativo da direita midiática para protestar contra a “criminalização dos movimentos sociais e pela autêntica liberdade de expressão”. Nada mais democrático do que protestar contra a ditadura da mídia.

12.2.10

Planeta Atlântida/RBS lançava esgoto na via pública


TAC assinado em dezembro de 2009 foi uma alternativa proposta pela Promotora de Justiça de Capão da Canoa

Até o final do mês de fevereiro [2010], a RBS Participações, por meio da rádio Atlântida, divulgará spots durante os intervalos comerciais com informações e dicas de preservação ambiental, a fim de estimular a conscientização sobre o tema. A veiculação das inserções teve início em janeiro, e decorre de um termo de ajustamento de conduta firmado entre o Ministério Público e a empresa.

O TAC, assinado em dezembro de 2009, foi uma alternativa proposta pela promotora de Justiça de Capão da Canoa, Caroline Gianlupi, após a constatação de danos ambientais ocorridos durante a realização do Planeta Atlântida do ano passado. Na ocasião, a Patrulha Ambiental identificou que o esgoto, proveniente de banheiros químicos instalados no local do evento, estava sendo despejado em via pública, onde transitavam pessoas. Na época, a empresa providenciou reparos na coleta de esgoto e a coleta dos dejetos. Mesmo assim, após um levantamento, ficou estimada multa de R$ 20 mil pelos danos ambientais.

“Nós identificamos que seria melhor reverter esta multa em divulgação de uma campanha publicitária com foco na conscientização ambiental”, esclarece a promotora Caroline Gianlupi. Ao todo, devem ser veiculados 100 spots de 30 segundos cada na Rádio Atlântida de Porto Alegre (durante a semana) e de Tramandaí (aos sábados e domingos), entre 11h e 20h. Após o dia 20 de fevereiro, quando encerra o prazo para cumprimento do TAC, a RBS deve fornecer uma planilha com dia e hora das inserções. Além disso, a empresa se comprometeu a impedir a repetição do problema nas edições posteriores do Planeta Atlântida.

O não cumprimento da medida acarretará multa de R$ 50 mil pela não compensação do dano ambiental, que reverterá para o Conselho Pró Segurança Pública de Xangri-Lá.

Pescado do portal web do MP/RS

........................

Esta é a pedagogia da RBS dirigida aos pré-adolescentes e adolescentes frequentadores desavisados do evento Planeta Atlântida. Este é o espírito de cidadania que brota da empresa midiática da família Sirotsky.

Edificante!

Flagrante de jornalismo iletrado



Pequena amostra da grande consideração e elevado apreço que a RBS tem com os seus consumidores-leitores.

"Café para louco não precisa açúcar" - pensa o editor da coisa.



Fonte: Diário Gauche

11.2.10

PRF rechaça reportagem de Zero Hora

A Polícia Rodoviária Federal encaminhou nota oficial ao jornal Zero Hora, discordando da forma como foi tratada na reportagem “Queda no número de agentes ilustra decadência da PRF no Estado”, publicada no último domingo (07/02/2010). “As estatísticas operacionais repassadas aos jornalistas da Zero Hora mostram, de forma clara, que houve redução na quantidade de mortes e estabilização do número de feridos nas rodovias federais gaúchas em 2009”, diz a nota. Segundo a PRF, os dados também indicam aumento dos flagrantes de infrações de trânsito, de pessoas presas e de apreensões de produtos contrabandeados. “Desta forma, convém perguntar: não é simplista avaliar uma instituição

observando unicamente a quantidade de servidores?” – indaga o texto. E acrescenta:

”Os resultados positivos alcançados pela PRF, mesmo com a histórica e pública carência de pessoal, mostram que a corporação compensa o baixo efetivo com empenho de seus quadros e investimento na infraestrutura de fiscalização. Em 2009, o Departamento de Polícia Rodoviária Federal injetou mais de R$ 22 milhões no Rio Grande do Sul, adquirindo viaturas, etilômetros e computadores portáteis. Para melhorar a eficiência e a agilidade no atendimento das ocorrências, a Polícia Rodoviária Federal instalou base de operações aéreas em Canoas e designou helicóptero para ser empregado no estado”.

”Ao longo do ano”, conclui a nota, “os agentes da Polícia Rodoviária Federal fiscalizaram 630 mil veículos, registrando a marca de uma abordagem por segundo nas estradas que cortam o Rio Grande do Sul”. “Mais de dois mil motoristas foram interceptados pela PRF enquanto dirigiam sob efeito do álcool, e mais de 200 mil veículos foram flagrados enquanto trafegavam com excesso de velocidade”.

Para ZH, que recebeu estes números, a PRF é uma polícia esgotada no Rio Grande do Sul.

Fonte: RSurgente

9.2.10

Zero Hora omite causas do crescimento da classe C


Eis que está na capa da Zero Hora de domingo, dia 7: “A vez da classe C”, com o subtítulo explicando que 32 milhões de brasileiros ascenderam e agora têm acesso a novos bens de consumo. A reportagem é do caderno Dinheiro, o que gera uma certa desconfiança, mas, como começou bem, levei fé. Me dei mal.

O texto é bom, não há como negar. Apesar de ser de um caderno de economia, é agradável de ler e se esforça para aproximar o leitor do tema abordado. Não vai direto a números e fatos duros de economês, muito antes pelo contrário. Gira em torno de histórias de vida para mostrar de que forma vive a nova classe média, as pessoas que ascenderam à classe C. E faz isso bem, com exemplos concretos, nomes, fotos. Há quatro casos na página central do caderno, de pessoas que compraram carro, andaram de avião, aderiram a um plano de saúde e compraram apartamento.

Na capa do caderno, a reportagem começa com a descrição da trajetória de uma mulher que voltou a estudar e se formou pedagoga, muito bem narrada, por sinal, por Gisele Loeblein e Rodrigo Müzell. Os números que dão a perspectiva concreta da situação do país aparecem em boxes espalhados pela página central, o que torna leve e faz com que o leitor comum ganhe proximidade com um caderno normalmente tão enfadonho. A análise das consequências desse boom da classe C para a economia ficam em um box no fim da reportagem.

Mas quando tudo parece ir muito bem, a gente percebe que está faltando alguma coisa. É óbvio, eles mostram o tempo inteiro como é a vida nos novos classe C, a quantidade de gente que subiu na vida, falam até como alguns conseguiram, mas não explicam por quê.

Não é mencionado em nenhum momento que esse fenômeno recente se deu em função de programas de governo, do aumento do emprego formal, de uma economia mais sólida e todas essas coisas que qualquer economista sério cita de olhos fechados. É como se as pessoas tivessem melhorado de vida só por mérito próprio. Trinta e três milhões de suados trabalhadores que ascenderam, de uma hora pra outra. E que nunca pensaram em fazer isso antes de Lula se tornar presidente. Engraçado, não? Pois é, o texto não questiona nada disso. Aliás, a leveza da narração vai conduzindo o leitor de tal forma que ele não se pergunte por que isso vem acontecendo.

O fato de tanta gente melhorar de vida parece quase um milagre, sem causas aparentes. Mais uma vez, Zero Hora manipula a informação, omite dados, engana o leitor. A diferença é que agora fez bem feito, o que é mais assustador do que quando é escancarado.

Por Cris Rodrigues

Fonte: JornalismoB
Atualizado em 10/02/2010 às oh36min.